Traduzido e adaptado por Maurício Oltramari de "Francia sigue avergonzada por la ceremonia ‘woke’ de los Juegos Olímpicos: «Fuimos unos guiñoles»"
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos continua indigesta para muitos franceses. O sentimento geral de ridículo aumentou nas últimas horas – o respeitado filósofo Michel Onfray pediu uma declaração pública e jornais e estações de televisão atacaram duramente o que foi visto. “Não é a França, foi uma performance woke”, é a opinião geral.
A carta que Michel Onfray tornou pública na tarde de sábado provocou um debate sem precedentes entre os nossos vizinhos. Disse o filósofo:
A cerimônia dos Jogos Olímpicos permitiu à França oferecer um espetáculo para o mundo inteiro, mostrar o seu cinema, mostrar um filme, oferecer o seu circo, que foi uma grande 'guignolade' [situação burlesca, ridícula, um papelão]. Esse espetáculo, da autoria de um homem judaico-cristão branco de 50 anos, foi um exercício de ódio contra… o homem judaico-cristão branco de 50 anos! Tudo isso sob o olhar de colonialistas que esperam seu momento, preparado por esses idiotas úteis subsidiados pelos contribuintes
O homem de quem Onfray fala não é outro senão o diretor do programa, Thomas Jolly. Esse francês foi o ideólogo de tudo o que se viu no Sena e no Trocadéro e que tem despertado tantas críticas mundo afora por zombar dos cristãos com sua interpretação da Última Ceia de Cristo sendo parodiada por drag queens. “Sim, mas nada do tipo contra Maomé”, censuraram-no muitos franceses, fartos da bravura contra algumas religiões e da covardia diante de outras.
É claro que Thomas Jolly ficou conhecido na França por fazer uma ópera sobre o imperador romano Heliogábalo, a quem descreveu como o maior homossexual do Império. O dramaturgo francês, no entanto, fracassou nessa última representação olímpica, que foi reconhecida pelo mundo inteiro como uma cerimônia “woke” e “kitsch” sem precedentes e que coloca a França “na vanguarda do declínio do Ocidente”.
Na manhã de domingo, as redes de televisão francesas ainda debatiam a imagem que tinham transmitido ao mundo. “Não é um país sério nem confiável”, diziam os comentadores mais conservadores, ao mesmo tempo em que os progressistas ou “despertos”(woke) não podiam deixar de admitir que era “a prova de que existem duas Franças” e que “todas têm um lugar".
As críticas mais duras
A conclusão a que chega Onfray sobre o desfile põe em questão se o movimento “woke” será o fim da sociedade como a conhecemos. “A nossa história, que se desenrola na intersecção de uma civilização moribunda e outra que ainda está por vir, também tem a sua assinatura: o espetáculo do desfile que substitui o real pelo virtual, o trágico pelo lúdico, a história através da ficção é uma imagem perfeita do que está por vir", refletiu.
A França está envergonhada e o deputado mais jovem da história da França pôs a cereja no bolo de todas estas reflexões. “É difícil apreciar as raras cenas de sucesso entre Maria Antonieta decapitada, a multidão a beijar-se independentemente do gênero, as drag queens, a humilhação da Guarda Republicana obrigada a dançar com Aya Nakamura, a feiúra geral dos figurinos e da coreografia. Procuramos desesperadamente celebrar os valores do esporte e a beleza da França no meio de uma propaganda tão grosseira”, disse o atual deputado europeu.
O que parece evidente é que poucos - para não dizer ninguém - ficaram satisfeitos com o espetáculo visto na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Na verdade, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, evitou comentar o assunto além do fato de que o cenário era espetacular. Quanto ao conteúdo ideológico e à imagem projetada pela França como país dedicado à ideologia “woke”, um silêncio ensurdecedor.
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