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Foto do escritorAlípio Macêdo

Resenha: Atanário (2021), de Alex Sugamosto



Samba, ecos armoriais, AOR, prog e avant-folk. Sob os auspícios de um músico inexperiente, embora bem intencionado, esse cabedal de influências e referências poderia engendrar um Frankenstein sonoro. Não é o caso deste álbum solo do compositor e vocalista Alex Sugamosto, que tem bagagem, tem cacife e é membro da excelente banda paranaense Amitaba.


Com efeito, este Atanário não só é um álbum de um artista que tem lastro, como também é obra de mágico, de alquimia, prática que Sugamosto exerce ao combinar elementos de diversas vertentes musicais transmutando tais ingredientes em ouro, fazendo da sua música e poesia busca pela redenção, pelo elixir, pela libertação da existência temporal.


Atanário nos conduz aos ouros ignotos do cotidiano ("Tardança"). "Samba das Multidões" é o samba prog de um flâneur curitibano em Belo horizonte -- Alex deitou profundas raízes em Belo horizonte. Se o "profeta indeciso" não te dá as montanhas nevadas da Suíça ("O rei está calvo"), ele compôs este álbum sob o signo da nostalgia das montanhas mineiras, como na apoteótica "Saudade", que fecha irretocavelmente o disco.


A verve literária do compositor, que por sinal também é escritor, nos oferta um álbum muitíssimo imagético. Eu diria, ademais, sinestésico, pois você respira os ares das montanhas mineiras e se banha nas águas vazantes escutando-o.


O disco de Alex Sugamosto é um alentador bafejo de criatividade em meio a tanta música de plástico, sem sopro de vida, sem sopro sagrado. Enfim, escute Atanário, um álbum em busca da redescoberta do tempo forte, primordial, sagrado, um dos álbuns hodiernos que restitui o lugar da música e da poesia.






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