A Frente Sol da Pátria repudia e condena de forma veemente os atos de barbárie que os brasileiros testemunhamos no domingo, dia 08, em plena Esplanada dos Ministérios.
Mas não só.
A tentativa de golpe, a invasão das sedes dos Três Poderes, e a destruição do patrimônio público e histórico foram a consumação previsível da insanidade impulsionada e sustentada por movimentos político-partidários financiados por grupos que pretendem usar o mais tosco reacionarismo e saudosismo do regime civil-militar com o objetivo de manter a carta branca para seu continuado rol de ignomínias contra o povo brasileiro.
Os personagens são conhecidos por todos. Empresários cujos negócios são conduzidos à beira da ilegalidade quando não a partir de sistemáticas ilicitudes que o poder público trata como de gravidade menor, militares da reserva que pretendem falar em nome das Forças Armadas e da história de um país tão vasto quanto um continente, corporações policiais imbricadas com máfias que controlam atividades criminosas em regiões imensas das principais metrópoles brasileiras, pastores fisiológicos em guerra santa contra a decência e líderes de seitas delirantes que justificam a bandidagem citada em nome de um suposto "mal menor", políticos oportunistas que sepultaram a consciência em um mar de pequenos favores conquistados de forma imoral.
E comandando o circo, Bolsonaro e sua trupe de bobos, reféns da imagem que criaram para chegar ao poder, imitando de modo caricato e patético a propaganda que fez do trumpismo um movimento político de repercussões imensas nos Estados Unidos.
Mas este cenário não estaria completo sem mencionarmos a alta burguesia financeirizada que instrumentalizou a coalizão de máfias e ressentimentos descritas acima a fim de elevar o parasitismo econômico e a destruição do país a uma dimensão nunca vista desde a Abolição da Escravatura.
Não é possível reduzir os acontecimentos deste domingo ao sistema partidário, como se a FIESP e o Cartel de Bancos não estivessem desde o início carnalmente associados aos seus protagonistas. O mesmo se aplica ao Judiciário, imerso em uma disputa mambembe para monopolizar o papel de Moderador da República, seja por meio do mais histérico lavajatismo, seja por meio de um ilegítimo semipresidencialismo tutelado pela Corte Suprema. Ou ainda o hegemonismo eleitoreiro lulopetista, disposto a tudo, inclusive a repetidas omissões diante do Reino de Loucuras comandado por Bolsonaro, e que agora pede uma burra unanimidade em torno de seu novo governo a fim de conter a Caixa Pandora que ajudou a abrir.
Temos agora de zelar para que a Justiça seja feita sem que se aplique um veneno forte demais de modo a comprometer o corpo político e os valores que se pretende defender.
O afastamento sumário de Ibaneis Rocha de suas funções como Governador por determinação autocrática de um Ministro do Supremo Tribunal Federal tem de acender um alerta sobre os poderes que se movimentam para focar em alguns culpados enquanto varrem outros para debaixo do tapete da conciliação e do esquecimento. De modo similar, a intervenção federal foi decretada ontem em Brasília sem obedecer a correta forma prevista na Constituição, que exige reunião do Conselho da República.
É fundamental colocar os líderes intervencionistas e os criminosos que invadiram e depredaram as sedes dos Poderes na cadeia. Mas a "Nova República", agora na forma explicitamente autoritária de uma "Democracia Militante" não vai recuperar a legitimidade e a confiança atentando contra os princípios e normas legais, como se boa parte de suas lideranças nada tivesse a ver com o período de crise por que passamos.
Por fim, é de lamentar que a sanha desatinada de imitar movimentos e pautas políticas estrangeiras transforme nosso sistema político-partidário em uma caricatura de mau gosto. Tanto a direita quanto a esquerda olham antes para fora do que para dentro do país a fim de propor soluções para o nosso povo.
O "Capitólio brasileiro" faz doravante parte desse vexame acintoso em que o Brasil Oficial se tornou. Precisamos enxergar o mundo por nossos próprios olhos, não pelas potências do Norte Geopolítico, sejam elas EUA, Inglaterra, Rússia ou qualquer outra. É a única maneira de escaparmos da tragédia, que continua rondando e engolindo a nação pouco a pouco.
A real pacificação do país só será alcançada com uma mudança radical de rumos. Precisamos retomar o projeto de uma Democracia Social, realizando os ideias mais caros ao Trabalhismo histórico e aos valores mais perenes de nossa população, fazendo do Brasil o país soberano e a potência que ele nasceu para ser. Uma país que cultiva sua identidade de modo confiante, altivo e orgulho de si mesmo, com base tecnológica e industrial própria, uma Política Externa Independente, sociedade de base comunitarista e direitos sociais em contínua expansão. Sem um projeto nestes marcos, continuaremos enxugando gelo crise após crise.
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