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Darcy Ribeiro: revolução, nacionalismo e Império

Há 26 anos, em 17 de fevereiro de 1997, falecia o antropólogo e pensador Darcy Ribeiro, autor de obra sui generis, com sua teoria dialética própria.



O evolucionismo de Darcy Ribeiro aplica-se, sobretudo, às mudanças de ordem tecnológica. Contudo, o cientista social nega que exista um só caminho possível de mudanças sociais ou de etapas fixas no curso da História ou ainda que as sociedades mais "avançadas" [tecnologicamente] sejam necessariamente modelos para as subdesenvolvidas.


Para Darcy Ribeiro, os avanços e inovações tecnológicas têm suas próprias causas, complexas, que incluem também fatores de ordem social e ideológicas. As crenças, valores e as formas sociais podem impulsionar ou mesmo obstaculizar o desenvolvimento da técnica, e também são afetados por ela. Não se trata, aqui, de uma visão simplista como aquela de certo marxismo 'ortodoxo' (etapista e evolucionista).



Ele é, isto sim, de um realismo nu e cru. As sociedades que se 'atrasam' [tecnologicamente] serão, para ele, engolidas por aquelas que avançam. Serão influenciadas ou conquistadas, pasando por uma 'transfiguração cultural', acompanhada de 'aculturação' [ou 'deculturação'], se tornam colônias ou ainda acabam (como civilizações).


Já as sociedades que avançam e se tornam soberanas tecnologicamente difundem sua própria cultura e ampliam sua influência. Tornam-se, nesse sentido, um tipo de 'macro-etnias' (como parece ter sido o caminho do Brasil). Darcy Ribeiro não emprega este termo, mas é curioso como seus exemplos são imperiais*: incas, ibéricos, romanos. Tal é o destino que Darcy sonhava pro Brasil.


Conquistar a soberania tecnológica (e não só) é garantir aquilo que Darcy chamava de 'autenticidade cultural'.


Para Darcy Ribeiro, a história brasileira é, por um lado, uma tragédia, marcada, como é, pela violência, pelo abandono e orfandade. Entretanto, por outro lado, é um milagre - milagre de gestação de um povo novo dotado de potencial imperial*. Para ele, o Brasil ainda não alcançou seu destino porque é mantido acorrentado, como está, a inimigos estrangeiros - pela traição de uma elite que poderia ser descrita como apátrida. Nisso, ele tem, sem dúvida, muito de Manoel Bonfim.


Darcy Ribeiro é, em suma, uma mistura singular e muito latino-americana de nacionalismo anti-imperialista, de revolução social e sonho imperial*.


Pão, Terra e Tradição!


*Nota do Sol da Pátria: Noção esta (de Império) que não se confunde com a de imperialismo. Vide o capítulo "O sentido da Independência", de André Luiz dos Reis, no livro "Já raiou a liberdade", disponível em nossa loja.



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