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Foto do escritorLeandro Altheman Lopes

A esquerda progressista e seu horror à disciplina

Pode-se argumentar que o projeto das escolas cívico-militares é ruim por muitos motivos, o maior deles certamente, pelo orçamento desproporcional ao número de estudantes que atende. Ainda assim, a decisão do presidente Lula em terminar o programa sem apresentar nada para colocar no lugar, é também muito ruim.


Não por acaso, a essa decisão seguiram-se manifestações de governadores de 19 dos 25 estados brasileiros ou entes federativos, incluindo o Distrito Federal (DF), de que irão estadualizar (ou distritalizar) o programa em seus colégios - ou seja, o ofererão como política local. Isso porque, gostemos ou não, o programa trouxe alguns bons resultados.


Há depoimentos de educadores do Brasil todo afirmando que a parceria com os militares foi positiva no sentido da disciplina - ameaças de estudantes a professores se tornaram lugar comum em muitas escolas - além de afastar a presença das facções criminosas das escolas do programa.


Pode-se apontar diversos argumentos contrários à manutenção do programa. Contudo, não é sensato se abster de reconhecer os graves problemas do sistema educacional no Brasil - e a insegurança e a indisciplina são alguns dos principais problemas enfrentados por educadores e educandos.


Parte da esquerda progressista pode repetir seu discurso habitual quantas vezes queira, mas não pode mudar o fato de que os educadores vêm enfrentando problemas com estudantes que, além de estarem cada vez menos motivados a adquirir conhecimento, muitas vezes se envolvem em incidentes que retiram do professor em sala de aula qualquer autoridade. Há dificuldade em se conseguir avançar com os conteúdos e, em casos extremos (nada incomuns), ocorrem ameaças proferidas por alunos contra educadores.


Também se tornou problemática a presença, direta ou indireta, das fações criminosas entre os jovens estudantes. Em algumas localidades mais periféricas, os professores vivem com medo de algum tipo de retaliação.


Para estes educadores, o modelo cívico-militar trouxe uma sensação de segurança. Para os pais, a garantia de que seus filhos vão voltar vivos para casa.


Nada disso poderia ser negligenciado pelo presidente em sua decisão em descontinuar o programa. O mínimo a ser feito seria ao menos anunciar um pacote de segurança pública para as escolas. Da forma como foi feito, Lula entregou uma carta valiosa na mão da oposição. Ademais, o episódio evidencia ainda uma outra face da autointitulada “esquerda progressista”: o seu horror à disciplina.


Para tal esquerda, a “disciplina” seria algo alusivo exclusivamente ao meio militar. Nada poderia ser mais falso. No campo das artes, por exemplo, são fartos os exemplos da importância da disciplina para obter-se resultados. Assim é na dança, no teatro, na música, nos esportes.


Poderíamos citar ainda as escolas filosóficas do oriente (e artes marciais), em que a disciplina, da mente e do corpo, é indissociável do aprimoramento espiritual. Se buscarmos nas tradições africanas e indígenas, encontraremos exemplos semelhantes em que a disciplina desempenha um papel formativo de caráter. Por fim, se olharmos mesmo para a biografia de socialistas, como Che Guevara e Ho Chi Minh, veremos que há um papel destacado à disciplina devotada ao propósito revolucionário.


A decisão de 19 dos 25 governadores em continuar o programa demonstra que há apoio popular ao modelo cívico-militar e tal demanda se explica basicamente por dois motivos:


O primeiro é que o modelo responde a um problema real e concreto da insegurança nas escolas.


O segundo, é que a necessidade de disciplina é algo intrínseco ao ser humano, por mais que parte da esquerda negue a sua importância.



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