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Foto do escritorLuiz Campos e Camilla Leite

22 de março: Dia Mundial da Água

Hoje, dia 22 de março, é comemorado o dia mundial da água. Dia de complexa simbologia, já que a água sempre esteve presente na história de todas as civilizações, seja na margem dos rios que garantem a vida ou nas aventuras das expedições pelos mares desconhecidos em busca de riquezas e glórias. Sua importância na história e mitologia, desde a aurora da humanidade, ilustrou o imaginário sobre guerras ou até mesmo sobre o espaço sideral.


Em algumas sociedades tradicionais, a água (incluindo rios e lagos) faz parte de um modo de vida. No Brasil, algumas sociedades são inclusive denominadas de “povos das águas”, pois vivem em estreita dependência desse elemento, seja dos rios ou mares. A sua importância é de tal grandeza que, em muitos povos antigos, ganharam a dimensão de deuses, com o poder de influenciar as visões de mundo, criando uma relação de mais respeito e amor para com um dos bens mais preciosos da humanidade.


A água doce é direito e necessidade básica de todos os seres humanos, mas a forma com que essa necessidade é atendida depende do Estado. O atendimento dessa necessidade (água para beber, irrigar, lavar, etc) é feito através de instituições criadas para esse fim: Nas sociedades tradicionais a água é uma manifestação da natureza, bem de uso em geral coletivo, muitas vezes presença viva de uma divindade, responsável por sua abundância ou por sua escassez.



Já nas urbanas sociedades modernas, notamos que a água, em grande parte, é um bem reificado, controlado pela tecnologia (represas, estações de tratamento), um mero mantimento cuja distribuição pode ser apropriada de forma privada ou estatal, tornando-se uma mercadoria e excluindo os aspectos simbólicos de seu uso. Em muitas mitologias as águas doces originam o mundo e o ser humano, mas nas sociedades contemporâneas a água ganha outro aspecto, como uma mercadoria. É, muitas vezes, de modo desrespeitoso e sem consciência ambiental, arrancada de seu leito natural, canalizada em lugares muitas vezes distantes, os quais as populações urbanas têm pouco ou nenhum contato. Devemos também falar da enorme importância das águas, oceânicas ou fluviais, enquanto provedoras de alimento para os povos.


No Brasil, a superfície coberta por água em 2020 era de 16,6 milhões de hectares, uma área equivalente ao estado do Acre ou quase 4 vezes o estado do Rio de Janeiro. Desde 1991, quando chegou a 19,7 milhões de hectares, houve uma redução de 15,7% da superfície de água no país. Seguindo esse panorama, é um fato que água, assim como os demais elementos naturais, serão um dos grandes debates da geopolítica futura sobre os direitos humanos e qualidade de vida no planeta. Resgatar o seu valor simbólico, faz parte de uma luta secular e essencial para o bem das próximas gerações.


Que nessa data simbólica surja em nós a profunda reflexão, tão profunda quanto os oceanos da vida, tanto sobre o aspecto sagrado da água (aspecto esse presente nas mais diversas espiritualidades e religiões) quanto sobre seu imenso e incontornável valor material para a sobrevivência de nosso planeta.

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