Na última terça-feira (20 de fevereiro de 2024), entusiastas do Brasil e da obra do Mestre de Apipucos, alguns dos quais partindo do Ceará e do Rio Grande do Norte se reuniram na Fundação Gilberto Freyre para o lançamento de um livro de ensaios (Compreender Gilberto Freyre ) que lançam luz sobre aspectos de Casa Grande & Senzala e da obra de Freyre, conectando-a a problemas contemporâneos.
Hilton Boenos Aires, um dos ensaístas (Doutor em Filosofia pela Pontificia Universidad Católica Argentina, Santa María de los Buenos Aires), conduziu um bate-papo a um só tempo erudito e informal, sumarizando pontos do seu texto, como a topografia de Casa Grande & Senzala, sua inesgotabilidade, abertura e inacabamento, assim como a aventura e epifania que ela possibilita.
Representando as Edições Sol da Pátria, que publicaram a coletânea de ensaios celebrando 90 anos da obra que talvez mais tenha contribuído para que nosso povo goste de si próprio (e também representando o movimento político cultural e centro de pesquisas Sol da Pátria), Alípio Macêdo comentou sobre o porquê do interesse, sempre atual, em Freyre, sublinhando a coincidência entre a utopia da Rainha do Meio-Dia (de Ariano Suassuna) e a paixão freyreana pelos povos que contribuíram para a formação da nossa pátria, quais sejam, os mediterrâneos, africanos e asiáticos (vide China Tropical), civilizações associadas a esse ideário maior, o do Sul Global.
O fato desse livro "Compreender Gilberto Freyre" ter sido lançado nos míticos Apipucos e na casa-museu que sedia a Fundação tornou o evento extremamente significativo e, sobretudo, simbólico, talvez a pedra de toque da revivescência de um honesto debate público, ora tomado pela mediocridade, pelo nivelamento por baixo, pelo fulanismo e pela ideologia woke. Enfim, está lançada esta coletânea sobre Gilberto Freyre em sua Casa, na Fundação homônima!
Informações sobre a obra:
Mito da “democracia racial”? O termo não aparece nem uma única vez na obra de Gilberto Freyre nem tampouco se trata de conceito por ele defendido - Freyre que, ademais, escreveu longamente sobre a crueldade do sistema escravocrata brasileiro e seus requintes de sadismo. Esqueça tudo que você leu (ou não leu) sobre Freyre e tudo que ouviu da boca de quem não o leu ou o leu mal. Trata-se de obra a ser deglutida, digerida e ruminada, com paciência - e ciência. Nesta coletânea, o Sol da Pátria convida-o a conhecer Freyre ele-mesmo: cientista social; historiador, teórico do “equilíbrio de antagonismos”.Acadêmicos, brasilianistas, pesquisadores (brasileiros e estrangeiros), filósofos, cientistas sociais reúnem-se, nesta coletânea, para nos apresentarem peças do mosaico chiaroscuro que compõem a obra de Gilberto Freyre, obra que, por sua vez, nos oferece um espelho e uma lente para nela contemplarmos, em nossa feiura e formosura, o Brasil, mestiço e escravocrata, da Casa Grande e da Senzala e também do sonho e utopia que ecoam nestes tristes tópicos. Adquira já o seu.
ÍNDICE
"Um Livro Inesgotável e Cíclico: a Topografia de Casa-Grande & Senzala" Hilton Boenos Aires (Doutor em Filosofia pela Pontificia Universidad Católica Argentina, Santa María de los Buenos Aires – UCA; Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Tabosa de Almeida – ASCES UNITA;)
"A propósito de Gilberto Freyre e da hispanidade" Flávio Daltro Lemos de Alencar (bacharel e mestre em História e bacharel em Direito pela UFF, pesquisador no IESP-UERJ e na Universidade de Leiden, e diretor do Instituto Arariboia
"Tempo ibérico e modernidade barroca em Gilberto Freyre" Fabrício Tavares de Moraes (Doutor pelo programa de pós-graduação em Letras: Estudos Literários, da Universidade Federal de Juiz de Fora, com estágio de doutorado sanduíche em Queen Mary University of London, Londres, Inglaterra. Professor Adjunto do curso de Linguagens e Códigos, da Universidade Federal do Maranhão, centro São Bernardo. Autor de À sombra da modernidade: ensaios sobre antimodernos -Brasília: Academia Monergista, 2023).
"Do cetro ao barrete: Gilberto Freyre e a revolução republicana em 'Ordem e Progresso'" Guilherme Gonçalves dos Santos Diniz (Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). É autor, pesquisador e professor de História do Brasil e Literatura Brasileira em cursos preparatórios para a admissão à carreira diplomática)
"O Brasil Profundo em Casa Grande & Senzala"Fabio Baldaia (Doutor em Ciências Sociais pela UFBA. Professor do Instituto Federal da Bahia. Líder do Laboratório de Estudos Brasil Profundo), Rodrigo Ornelas (Doutor em Filosofia pela UFBA. Membro do Laboratório de Estudos Brasil Profundo. Coordenador do GT Poética Pragmática - UFBA), Sinval Araújo (Doutor em Serviço Social pela UFRJ. Professor do Instituto Federal da Bahia. Membro do Laboratório de Estudos Brasil Profundo), Tiago Medeiros (Doutor em Filosofia pela UFBA. Professor do Instituto Federal da Bahia. Membro do Laboratório de Estudos Brasil Profundo)
"O cangaceiro e o sociólogo"Josias Teófilo (cineasta, escritor e fotógrafo. É autor do ensaio biográfico O Cinema Sonhado, ganhador do prêmio Antônio de Brito Alves de melhor ensaio da Academia Pernambucana de Letras. Realizou o documentário O Jardim das Aflições, sobre o filósofo Olavo de Carvalho, premiado no festival Cine PE de 2017. O segundo-longa metragem de Josias Teófilo, Nem tudo se desfaz, foi exibido no circuito comercial de cinemas por todo o Brasil. Atualmente, os filmes estão disponíveis em plataformas de VOD e na Prime Video)
"Gilberto Freyre velho, duplamente hispânico" Pablo González Velasco (Brasilianista espanhol, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Salamanca, coordenador de ELTRAPEZIO.EU e especialista em iberismo e neobarroco, bem como na vida e obra de Gilberto Freyre e Américo Castro. Possui um blog chamado “Observatório de Geopolítica Panibérica”)
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