Começando pelo ponto positivo, o diretor de O Assassino (David Fincher) tem o controle total da narrativa, os planos geral extremo (um enquadramento muito aberto) e o extra-quadro (o que não é exibido pela câmera, sendo imaginado pelo espectador) revelam um esmero que se conjuga ao do protagonista, metódico e distante – daí o uso do plano geral extremo, quase voyeurista como o de Janela Indiscreta.
Se O Assassino não tivesse a afetação de profundidade e os monólogos em que o protagonista expressa, com a profundidade de um pires, a absurdidade humana, seria um excelente e despretensioso thriller
Cena de The Killer (O Assassino) de David Fincher, 2023
Assim, o que enerva no filme são as considerações pseudofilosóficas da personagem de Michael Fassbender que, em meio a assassinatos, parola (com uma voz rouca e sibilante que chega a enfadar) sobre a pequenez humana e um mundo sem Deus, vendo na vida a impossibilidade de um sentido, fórmula já muita surrada no cinema norte-americano - vide Colateral, de Michael Mann, só para citar um exemplo.
Se O Assassino não tivesse a afetação de profundidade e os monólogos em que o protagonista expressa, com a profundidade de um pires, a absurdidade humana, seria um excelente e despretensioso thriller.
Querem assistir a um filme desse subgênero muito mais intimista e profundo? Recomendo o neo-noir Le Samouraï (1967), de Jean-Pierre Melville.
Cena de Le Samouraï, de Jean-Pierre Melville (1987)
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