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56 anos de Marisa Monte

Hoje comemoramos 56 anos de Marisa Monte, uma das maiores e mais importantes cantoras da nossa música popular, integrante do panteão em que estão Elis, Bethânia e Gal.


As influências musicais de Marisa são extensas e plurais, de Argemiro Patrocínio a Billie Holiday, passando por Carmen Miranda e Maria Callas. Isso se refletiu em sua obra desde o início, com a gravação do especial para a extinta e saudosa TV Manchete, que deu origem ao LP/K7 (só depois CD) MM, em 1989. A canção “Bem que se quis”, versão feita pelo produtor Nelson Motta para a música “E Po’ Che Fa’”, do italiano Pino Daniele, fez um estrondoso sucesso, muito executada nas rádios, e na novela das 8, o Salvador da Pátria.



Interessante notar que antes de ‘Bem que se quis”, Marisa já era uma cantora famosa. O show do Jazzmania é o grande responsável por isso, uma vez que críticas dos jornais e revistas levaram o nome da artista para os mais variados cantos da cidade. Trago clara recordação de bate-papos informais que observei entre parentes no subúrbio carioca, no qual a mais nova sensação no cenário musical brasileiro era também protagonista das conversas, todas muito num tom de “Vocês viram só essa nova cantora?”.


Em 1991, Marisa lança seu primeiro disco autoral, o Mais, produzido pelo Arto Lindsay, que traz como sucessos “Beija eu”, dela e do Arnaldo Antunes e “Ainda lembro”, dela com Nando Reis, além de ‘Diariamente”, do titã. A turnê desse disco no Rio de Janeiro foi no Imperator, casa de show no Méier, zona norte, numa época em que artistas não se apresentavam fora da zona sul, parte rica da cidade. Então, até nisso, nós cariocas reconhecemos o talento e a vanguarda da cantora.


Marisa Monte sempre foi muito ligada a sua escola do coração, a Portela. Seu pai, Carlos Saboia Monte é diretor cultural da agremiação e a filha herdou o amor pela azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira. Em 2008, ela produziu o excepcional disco “Tudo Azul”, da Velha Guarda da Portela, uma compilação dos clássicos do grupo e, de quebra, ainda revitalizou e movimentou a Feijoada da escola, com a vinda da zona sul para a quadra, em Madureira, para ver e ouvir de perto os baluartes do samba carioca.


O disco Cor de Rosa e Carvão, lançado em 1994, inaugura a duradoura parceria com Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, que de tão interessante transbordou para “Os Tribalistas”, grupo formado pelo trio, com primeiro álbum homônimo lançado em 2002.


Barulhinho Bom – Uma Viagem Musical, um disco metade estúdio/metade ao vivo, lançado em 1996, explora uma maior aproximação da cantora com o samba, especialmente na versão VHS, na qual temos a presença dos Novos Baianos e das Pastoras da Velha Guarda da Portela, Eunice (falecida em 2015), Doca (falecida em 2009, dona do tradicionalíssimo Pagode da Tia Doca, que revelou sambistas como Jovelina Pérola Negra) e Surica, baluarte da Portela.


Em 2000, foi lançado o Memórias, Crônicas e Declarações de Amor, disco de maior vendagem da cantora, alcançando disco de diamante, com mais de 1 milhão de cópias vendidas e que lhe rendeu as primeiras indicações para o Grammy Latino, vencendo por Melhor álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro e Melhor Canção brasileira para Amor, I love you. Destaque para Amor, I love you, Não vá embora e O que me importa.


Após um hiato de 6 anos, Marisa lançou dois discos simultaneamente, Universo ao meu Redor, álbum (imperdível) resultante de sua pesquisa em matéria de samba, com músicas como Três Letrinhas, dos Novos baianos e Para mais ninguém, de Paulinho da Viola; e Infinito Particular, álbum pop, com parcerias com Adriana Calcanhotto, Marcelo Yuka (1965-2019), e os habitués Brown e Antunes. Destaques para a faixa título e Pra Ser sincero, além de Vilarejo e Pernambucobucolismo.


No ano de 2016, os professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro decretaram greve por melhores salários e melhores condições de trabalho. Algo sui generis aconteceu naquela jornada: alunos aderiram ao movimento, lutando lado a lado de seus mestres, com uma tática muito eficiente, a ocupação das escolas. Marisa Monte fez questão de manifestar apoio ao movimento de docentes e estudantes fazendo um pocket show no Colégio Estadual André Maurois, na Gávea, no Ocupa Maurois, demonstrando conscientização e apoio aos acontecimentos de luta e resistência em uma das mais caras matérias brasileiras, a Educação.


Em 2017, “Paulinho da Viola encontra Marisa Monte” foi o nome da mini turnê que a artista fez ao lado de seu venerado Paulinho da Viola, cantando junto dele as principais obras desse mestre do samba, após uma pausa de 4 anos dos palcos, desde o fim das apresentações de “Verdade, uma ilusão”, em 2013.


Nessas quase quatro décadas de uma trajetória acachapante e irretocável, a brilhante Marisa Monte lançou um total de 15 discos, 9 de estúdio e 6 ao vivo, além de 8 VHS/DVD, com 10 temporadas de turnês, numa carreira multipremiada (grammys, vmas, apcas, tenco, etc etc etc), com direito a Ordem Cultural do Mérito, maior honraria concedida a um artista brasileiro, conferido a ela em cerimônia, no ano de 2014.


No primeiro Video Music Brasil na extinta MTV, em 1995, Marisa – grande vencedora da noite, com um total de 8 prêmios - cantou Panis et circenses em homenagem à Rita Lee, artista celebrada naquela edição do Prêmio. Na ocasião, durante sua rica performance, Marisa exclamou aos presentes, com muita ternura e reverência: “Salve Rita!’. Hoje, nós é que exclamamos: Salve, Marisa!


PÃO, TERRA, TRADIÇÃO!

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