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Foto do escritorAndré Luiz V.B.T. dos Reis

A queda da Assad na Síria e o papel da Rússia - algumas reflexões


Impressionante a velocidade da queda de Assad. A ofensiva rebelde não durou duas semanas. A queda de Assad é um golpe imenso no Irã e no Hezbollah. Israel sai muito fortalecido da catástrofe. E Putin sai humilhado pela sua incapacidade de oferecer qualquer ajuda ao aliado. Claro que a dissolução do Exército de Assad indica defecção total, e aponta para algum tipo de composição política que deve envolver alguns destes atores.

Putin e Assad
Putin e Assad

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Os russos não iam se arriscar a perder bases militares e acesso ao mar. A omissão completa frente a ofensiva dos "radicais islamitas" [que, na verdade, parecem até porta-vozes de Netanyahu] só se explica por:


Comandante dos rebeldes sírios pede apoio a Israel - Fonte: "THE TIMES OF ISRAEL", 6 dez 2024
Comandante dos rebeldes sírios pede apoio a Israel - Fonte: "THE TIMES OF ISRAEL", 6 dez 2024


  1. Extrema fragilidade de Putin por causa da guerra de atrito na Ucrânia, demonstrando definitivamente que a Rússia é uma potência menor inclusive em termos militares; OU

  2. 2) Traição de Putin, que fez algum acordo por debaixo dos panos pra entregar Assad pros leões -desde que interesses estratégicos vitais da Rússia não sejam prejudicados no país.


Qualquer uma das alternativas aponta que o papinho da Rússia como "campeã do mundo multipolar" e, pior ainda, dos países vitimados pelo imperialismo, não passa de propaganda pra engabelar otário.


E pensar que havia quem acreditasse que os russos defenderiam a Amazônia se pedíssemos com jeitinho. Não tem como esquecer essa sandice. Isto posto, Israel sai por cima da carne seca com os eventos dessa semana. Se a Síria se tornar um caos, mergulhada em disputas entre grupos rivais, os sionistas podem se aproveitar para ocupar territórios, com a justificativa de proteger sua fronteira. Erdogan também se fortalece. A Turquia continua comendo pelas beiradas diante da RETRAÇÃO geopolítica evidente da Rússia. Nas últimas décadas, o neo-otomanismo foi a força que melhor soube jogar o xadrez na região. O eixo da resistência iraniano, por sua vez, sofre um duro golpe e entra num isolamento político-militar muito perigoso. O Irã está sendo cercado por seus inimigos, e é a bola da vez da sanha imperialista anglo-ianque-sionista.


Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia
Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia

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Alguns tentam tirar a "responsabilidade" russa da reta alegando que houve traição do Exército sírio. Ora, os generais sírios abandonaram o governo porque abandonados antes por seus aliados. A traição não ocorreu por mais de década de conflito, por que ocorreria justamente agora, subitamente, de uma hora pra outra? É porque o Irã e o Hezbollah não estão em condições de intervir. E porque os russos nào querem e/ou não podem intervir. Os reais sustentáculos do regime de Assad já não eram os sírios desde pelo menos 2015, e sim o Irã e a Rússia. Então, qualquer explicação para a derrocada do regime tem de passar não só pela defecção evidente do Exército sírio, mas também pela retirada e omissão dos aliados que garantiam o regime de Assad nesses últimos dez anos.

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A presença de Assad em Moscou apenas reforça a tese de que a queda do regime passou por um acordo entre Putin e os ''rebeldes'' [e os chefes dos rebeldes].

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Israel invadiu a Síria e chegou até Damasco. Mas ninguém precisa se preocupar, já que Dugin disse que a vitória de Trump nas eleições desse ano foi a "BATALHA FINAL" na guerra rumo ao paradisíaco mundo multipolar... [Bom, talvez o Dugin esteja apenas fazendo uma propaganda danada e delirante, né?!]


Postagem de Dugin
"Complicou para Erdogan" - Postagem de Dugin ameaçando a Turquia

As opiniões expostas neste artigo não necessariamente refletem a opinião do Sol da Pátria


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1 comentário

1 Comment


Zer0
Dec 17, 2024

Entendo que o SdP queira se afastar do Duginismo e de uma defesa propagantística da Rússia, mas acho que dá pra fazer isso sem carregar tanto nas tintas "anti-Rússia". Ao invés de fazer uma análise com foco na Síria, a análise é toda voltada para deslegitimar a Rússia. Duas alternativas diametralmente opostas, mas em ambos os casos "A Rússia é uma merda e não dá para confiar nela". Se for pra ser tão intransigente que independente do que aconteça, não se pode confiar na Rússia, o que diriam os estrangeiros do nosso país? Sem rumo, sem projeto, sem nada além de uma elite estrativista. Se eles não são campeões do mundo multipolar, o Brasil é um barco à deriva em…


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