Boa parte das falsas crÃticas (que soam verdadeiras) se dá por que as pessoas não têm senso histórico.
Por exemplo: desde que Vargas chegou ao poder até os dias de hoje, é expediente-padrão dos anti-getulistas dizer que o Trabalhismo brasileiro prostituiu os sindicatos, pois os colocou como órgãos de Estado, sem autonomia real, totalmente subordinados aos interesses polÃticos encastelados no ministério do trabalho.
Ora, essa crÃtica - comum tanto a liberais de direita quando ao petismo histórico - é até certo ponto verdadeira. Vargas realmente associou os sindicatos ao Estado muito mais do que seria devido. E a autonomia sindical obtida nas décadas seguintes foi efetivamente um progresso.
A pergunta que se têm de fazer, no entanto, é: o que existia antes de Getúlio Vargas? Como era o sindicalismo na República Velha?
AÃ tudo fica em seu devido lugar.
Não é que havia sindicalismo livre na Primeira República, e Vargas em seguida o destroçou. Não.
Antes do Trabalhismo, os operários simplesmente não tinham direitos sociais e o sindicalismo era tratado como caso de polÃcia. Qualquer greve ou piquete era visto como violação da sacrossanta livre iniciativa e os sujeitos que organizavam sua classe corriam permanente risco de cana.
NESTE CONTEXTO, portanto, em que a escolha histórica concreta não era entre sindicalismo livre e sindicalismo pelego, mas entre sindicalismo subordinado ao Estado e sindicalismo perseguido pelo Estado - neste contexto, portanto, repito, é bastante óbvio que o varguismo representou um progresso extraordinário e um avanço inestimável na genuÃna democratização do paÃs.
E quem não tem senso histórico, não deveria nem tentar apitar em debate polÃtico.