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Procissão do Fogaréu: tradição imemorial do nosso povo

O período da Quaresma, que se inicia tradicionalmente à Quarta-Feira de Cinzas, chegou ao cabo na última quinta-feira, 06 de abril. Ao longo de quarenta dias os católicos empenham-se em aprofundar sua fé e a meditar sobre o sofrimento que antecede a morte e ressurreição de Cristo, celebrados na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa.



Todo ano, à meia-noite da mesma quinta-feira que marca o fim desse tempo de oração e penitência, dá-se, em várias partes do Brasil, mas com mais destaque na cidade de Goiás, antiga capital do estado goiano, a tradicional Procissão do Fogaréu, que reúne milhares de devotos em torno da encenação pública da marcha dos soldados dos fariseus rumo ao Jardim das Oliveiras, culminando na prisão de Jesus Cristo.


A procissão, cujas origens remontam à Península Ibérica dos idos medievais - e ainda hoje é celebrada por estas bandas - foi trazida ao Brasil no ano de 1745 pelo padre espanhol João Perestrello de Vasconcelos Espíndola. Toda a execução deste ato paralitúrgico está envolta por uma atmosfera grave e comovente, endossada por todos os acessórios envolvidos e a indumentária - esta que tem-se tornado alvo de uma controvérsia tola.


Nos últimos anos, tipos alheios à religiosidade cristã têm sido infelizes ao apontar uma suposta correlação entre o vestuário dos farricocos e os trajes dos integrantes do grupo criminoso 'Ku Klux Klan'. Para além da descabida associação, são ainda capazes de vociferar contra a existência do evento em respeito 'à luta contra o nazifascismo'.


Vale destacar que a fundação da supracitada organização de ódio data de meados de 1860, pouco mais de cento e quinze anos depois da primeira procissão no Brasil. Para além disto, a mesma KKK não apenas dedicou-se a praticar violência contra as minorias negras e judias dos Estados Unidos, como também aos grupos católicos - em suas fileiras proibia-se a filiação de indivíduos cujos pais comungassem da fé católica.


O capirote (capuz cônico) que tem sido o principal acessório visado pelos 'críticos', fora instituído desde a Idade Média pela Igreja de modo a preservar a identidade dos farricocos, que concorrem na cerimônia de modo a buscar a expiação de seus pecados, penitentes como são. Nada que ver com a covardia dos integrantes desse coletivo, que escondem seus rostos para fugirem à responsabilidade dos crimes praticados em nome de suas crenças, de todo opostas à lição de amor e misericórdia que Cristo nos legou ao dar a sua vida para a redenção da humanidade e busca rememorar e enfatizar este evento.


A verdade é que o grupo supracitado tem repercussão irrisória - beirando a nulidade - em nossas terras por, não apenas repugnante que seja, estar tão alheio e oposto aos elementos fundadores da nossa gente - condenam, p. ex, com veemência a miscigenação, elemento central da formação da brasilidade. Defender uma repaginação desta manifestação cristã é antes um ataque às tradições de nosso povo, muito mais próximas de nossa realidade, que a preocupação com uma seita estúpida a milhares de léguas de distância do Brasil.

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