No dia 21 de Abril de 2023, estaríamos comemorando o aniversário de 93 anos da poeta, ficcionista e cronista paulista Hilda Hilst. Portadora de uma obra complexa que caminhou nos extremos poéticos, capaz de incomodar o espírito burguês de sua época, Hilda tinha como temas centrais de sua poesia o amor e o sexo, a finitude e a eternidade, o sagrado e o profano. Capaz de falar com grande delicadeza sobre os temas mais belos e, num átimo, subvertê-los nas imagens mais brutais e grotescas que poderiam ser apresentadas aos olhos e ouvidos de seus leitores.
Em 1965, iniciou o processo de construção da famosa Casa do Sol, refúgio para sua criação literária e local de inúmeros relatos sobrenaturais, como avistamento de óvnis e aparições. A Casa do Sol também foi estadia de várias personalidades importantes do cenário brasileiro, criando-se uma espécie de comunidade de poetas e artistas ao longo das décadas. Atualmente é o centro das atividades do IHH (Instituto Hilda Hilst).
Desde o início da carreira, ela sempre teve dificuldades com suas publicações, seja pelo fato de ser uma mulher escritora, seja pelos seus temas incômodos. Polemizava com os editores do país que estavam mais preocupados em publicar livros estrangeiros de baixa qualidade em vez das grandes manifestações do espírito brasileiro, e protestava contra o precário espaço para obras de escritoras. Apesar disso, deu continuidade a suas publicações e hoje é referenciada como um dos grandes nomes da literatura brasileira, ao lado de Guimarães Rosa e de Jorge de Lima.
Viva Hilda Hilst!
Poemas para ler descalço V:
quero beijar o pescoço de Hilda Hilst. jogo meus poemas aos sete ventos.
deixo demônios entrarem em meu quarto azul-marinho
enquanto contemplo a beleza nos olhos de uma mulher sofrida.
este amor nefasto que arrebata minha carne
e queima meu coração em uma fogueira de canibais.
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