Outra ingenuidade, agora no terreno da política em sentido estrito, é imaginar que a Lava-Jato não tinha vínculos com a ação dos EUA na América Latina. Otávio Guedes, jornalista da Globonews, qualificou essa abordagem de "conspiracionista".
Não considero má intenção do Guedes, mas ele é vítima de uma tendência de abordar as relações entre instituições e corporações e agentes de diferentes países como abstratas, como se não fossem elos transmissores de uma relação de poder, como se fossem isentas de influência ideológica e politica, e de injunções econômicas.
A Lava-Jato foi a ponta de lança para a intervenção norte-americana na engenharia e na petroquímica do Brasil. E também no sistema político-partidário. O lawfare, aliás, não se restringiu às nossas praias, mas se tornou marca recente em toda a América Latina.
Ontem, mobilizavam militares em prol destes interesses, hoje mobilizam o Judiciário, que é empoderado de modo a ficar acima dos demais poderes.
Claro que a Lava-Jato não se explica apenas por causa dessa influência e intervenção de fora. Existem muitos elementos internos também, e que inclusive se sobrepõem, em importância, a qualquer ação estrangeira. Mas não se pode fazer pouco caso ou vista grossa para esta última. Alianças entre agentes de diferentes países são um dos níveis ou patamares em que a política dos grandes Estados se desenvolve.
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