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Petismo e duginismo: estranha aproximação



Recentemente, o portal 247, notoriamente associado ao chamado "petismo" político, publicou artigo (em tom bastante positivo) sobre as ideias de Alexandr Dugin. Não é a primeira vez. É, de fato, curiosa - e contraditória - essa aproximação entre setores petistas e o duginismo. R. Machado, líder de uma organização duginista brasileira, também escreve para portais notoriamente associados ao petismo/lulismo, como o 247 e o CGN.



Artigos do líder de grupo duginista brasileiro publicados em portais notoriamente "petistas". Curiosamente, outros portais, do mesmo ecossistema político, têm promovido uma histeria sobre uma suposta "ameaça duginista".


A matéria supracitada do 247. de fato, dá um panorama unilateral da proposta de Dugin - como detalho abaixo.

Artigo pró-Dugin publicado no 247


O intelectual russo, por exemplo, citado na matéria acima do 247, diz que o Sul Global é ''maioria'' (no mundo). Ao mesmo tempo, contudo, afirma, alhures, que os países do Sul devem seguir a liderança de uma das potências do Norte.


Isso está nas obras deles, inclusive as mais atuais, como demonstro, detalhadamente, aqui (vide trecho na imagem abaixo) e também aqui.
























Trecho de artigo meu em que critico a geopolítica de Dugin



Modelo defendido por Dugin na obra Geopolítica do Mundo Multipolar


Dugin critica também, é verdade, os EUA por pretenderem ser porta-vozes do "Universal" (o que é uma crítica acertada), mas, ao mesmo tempo, argumenta, em sua obra, que os ianques têm de ter dominância geopolítica sobre a América do Sul, o que é absurdo [isso, reitero, está nas obras de Dugin - como detalho aqui e aqui]. A defesa da supremacia do Norte sobre Sul está presente no pensamento de Dugin (assunto de que tratei aqui) e se baseia em certas considerações metafísicas peculiares dele - algo que critico aqui: "TRADIÇÃO E CULTURA POPULAR NA FRENTE SOL DA PÁTRIA, ou: alguns mistérios da dissidência tradicionalista".


Mais ainda: com a ascensão do trumpismo, Dugin relativizou sua crítica ao liberalismo. De modo arbitrário, ele passou a defender uma aliança com o que ele chama de ''liberalismo 1.0" [que é o trumpismo] contra um ''liberalismo 2.0" [representado hoje por Biden]. O russo, de fato, tem defendido o trumpismo de forma veemente e enfática - vide, por exemplo a entrevista em que Dugin defende o "liberalismo 1.0" (e Trump) aqui.


Em resumo, por uma série de motivos, o duginismo é não só desnecessário como também um obstáculo para uma multipolaridade construída segundo os interesses e os princípios brasileiros.


Nota da Sol da Pátria: Alguns setores da esquerda libral, seja por alinhamento a pautas do chamado "identitarismo"/ideologia woke, seja por razões ligadas a disputas político-partidárias, têm, lamentavelmente, usado o espantalho do duginismo para atacarem o trabalhismo e o nacionalismo - trata-se de mais uma arma no arsenal retórico, além do rótulo, tão abusado hoje, de fascista. O curioso é que, por vezes, acusam de duginismo até mesmo quem critica e denuncia consistentemente Dugin, o duginismo e os duginistas brasileiros, em vários textos, lives, vídeos e em livro publicado (vide "Rainha do Meio Dia", publicado pela Sol da Pátria). O mais estranho é que os mesmos setores que denunciam o problema do duginismo brasileiro (o qual nós também criticamos), ao mesmo tempo, publicam, eles próprios, artigos do Dugin e do líder do movimento russófilo no Brasil - o que mostra uma evidente contradição e hipocrisia nesses meios.

Obs: Cumpre notar ainda que, a despeito disso tudo, existem quadros nacionalistas e patrióticos em diferentes partidos políticos brasileiros e inclusive no Partido dos Trabalhadores (PT) e que a SdP é um movimento apartidário e suprapartidário.

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