Sobre Elon Musk e o Superior Tribunal Federal (STF), cabe considerar os seguintes pontos:
I. É o X [antigo Twitter] que tem de obedecer as leis e as decisões da Justiça brasileira. Se não está disposto a isto, então não pode permanecer no país. Mas e se as leis e decisões judiciais brasileiras forem ''ruins''? Cabe retornar ao início do parágrafo: É o X que tem de obedecer as leis e decisões da Justiça brasileira. E cabe aos brasileiros lutarem para mudarem suas leis ou seu judiciário, se for o caso. É assim que funciona em um país soberano. Não há qualquer espaço para discussão aqui. Os conservadores que estão aplaudindo Elon Musk achariam válido alguma multinacional fazer propaganda e pressão pró-abortismo no Brasil, por exemplo?
II. Musk não tem problema com regimes autoritários, teocracias ou as chamadas ditaduras. A empresa dele opera em países assim também, sem grande problema. E o X [Twitter] censura quando lhe convém. Não faz sentido algum pintar o mega-empresário como um defensor da liberdade de expressão irrestrita;
III. Ao usar o poder proporcionado por uma rede social para fazer campanha contra o STF e o atual governo do Brasil [Musk acaba de sugerir voto contra o sapo barbudo nas próximas eleições], o dono do X se transforma numa versão piorada, ainda que menos poderosa, de Roberto Marinho, da família Mesquita, e dos Frias de Oliveira;
IV. É evidente que Musk, que já confessou apoiar golpes de Estado na América Latina (e disse que daria golpe "onde quisesse"), tem objetivos não só econômicos mas também políticos com sua campanha. Nenhum desses objetivos está alinhado com qualquer interesse genuíno do Estado e do povo brasileiro, mas com agendas de forças políticas estrangeiras;
V. A pressa com que Dugin saiu em apoio a Musk revela que o ataque se assenta em uma rede de influência bastante abrangente [eixo Trump-Rússia-Israel];
VI. É necessário criticar toda e qualquer naturalização da transformação da política brasileira em mero joguete de forças internacionais, não importando de onde elas venham. Uma coisa é aliança política, e outra, bem diferente é a linha vermelha que Musk cruzou;
VII. Musk é oligarca bilionário, e todo bilionário é suspeito. Musk é membro da degenerada oligarquia globalista. Sua ação nos últimos dois dias é o pior exemplo da mentalidade colonialista dessa canalhada. VIII. O STF hoje tutela a democracia brasileira a seu bel-prazer? Sim. Com seus ministros não eleitos e suas decisões monocráticas inclusive, usurpa funções do legislativo? E destroi nosso sitema presidencialista? Sim e sim. Nada disso contradiz os pontos acima. Cabe retornar ao ponto I.
Bobajada. Soberania como valor absoluto implicaria aceitar que o Ocidente não tem um arcabouço axiológico comum, advindo das matrizes religiosas que por sua vez industriaram o conceito de dignidade humana, na qual está a liberdade de expressão, o que é chancelado em diversos pactos dos quais o Brasil é signatário. Se soberania fosse um valor absoluto Hitler srria perdoável ao fazer csmpos de extermínio só dentro da Alemanha. Porém, quem.não assina este texto eu já conheço. Não está distante, como toda a turma da Quarta Teoria Política, do totalitarismo sob o nome de "democracia social".
Felix Soibelman
Um reparo importante. Ao menos no que li, o que o Elon Musk alegou é que as ordens do Ministro Alexandre de Moraes, de bloqueio de contas e postagens, recebidas pela multinacional no Brasil, estavam indo contra a Lei brasileira. Portanto, o verdadeiro argumento dele para ir contra o Alexandre é que : o X estava sendo forçado a descumprir a Lei Brasileira pelo Ministro do STF, e descumprir a lei americana como reflexo. É um argumento muito melhor do que simplesmente descumprir a lei brasileira por birra de um Ministro.
Quanto aos demais pontos, não discordo de todos os apontamentos, mas há algumas imprecisões. Obviamente que Elon Musk não é um agente idealista e interessado apenas em propagar …
Perfeito.
Em contraste explícito com a posição ridícula do PCO.
A impressão que eu tenho, é que os políticos e ideólogos norte-americanos da direita isolacionista, apesar de críticos a participação estadunidense em conflitos na Europa, Oriente Médio etc..., continuam a ver a América Latina como quintal. Acho inclusive que uma coisa tem a ver com a outra. Sair do hemisfério oriental, para se entrincheirar por aqui.